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Kankuro
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[Artigo Oficial] Desejo Empty [Artigo Oficial] Desejo

Dom 15 Set - 15:50
O artigo oficial de setembro está disponível e traz a continuação da saga do nosso herói Tibicus! Clique nos links abaixo para ler os episódios anteriores:


1 – Chuva
2 – Resgate 
3 – Desespero
4 – Dificuldade
5 – Rivalidade
6 – Entrega
7 – Reconhecimento
8 – Reunião
9 – Conflagração
10 – Insights
11 – Infortúnio
12 – Passado


Fridolin acordou em um lugar desconhecido e conseguia se recordar apenas de fragmentos do que havia ocorrido. Confrontado por seus desejos mais profundos, ele precisava tomar uma decisão.

As lembranças daquele dia tinham sido enraizadas profundamente em sua alma. Muitos anos se passaram até ele descobrir que Ferumbras é quem havia devastado Thais e que foram os seus demônios que saquearam e queimaram todo o campo. Ferumbras era o grande responsável pelo massacre na fazenda de seus pais.

Após ter escapado, Fridolin viveu miseravelmente nas ruas de uma das maiores cidades tibianas. Sempre tentou se manter longe de problemas e passou os anos seguintes lutando diariamente para sobreviver. Ele convivia com o constante medo de adormecer e ter a sua mente tomada por pesadelos e memórias daquela noite. O pobre menino mal conseguia se sustentar naquele ambiente duro e implacável.


[Artigo Oficial] Desejo 01_boyinsewers


Os garotos mais velhos cuspiram, espancaram, chutaram e chantagearam Fridolin, de modo a garantir que ele soubesse que o seu lugar era na base da pirâmide social. Na maior parte dos dias, ele implorava de porta em porta ou então cometia pequenos delitos e roubos para saciar a fome. Além disso, passava as noites no esgoto.

Ele já havia aceitado aquela condição. Mas, certo dia, foi abordado por um homem chamado Beefo. As palavras que saíram de sua boca eram doces e tentadoras. Contudo, Fridolin havia aprendido da maneira mais difícil a ser cético o tempo todo.

Ainda assim, a oferta daquele homem era tentadora demais para ser recusada. Beefo queria que ele deixasse aquele buraco do inferno e o acompanhasse. Fridolin enxergou uma possibilidade de realizar o seu maior desejo: esquecer o que havia acontecido naquela noite, reprimir os pensamentos dolorosos e apagar o passado da memória. Beefo não sabia nada sobre seus fantasmas, mas o treinamento que ele propôs era perfeitamente adequado para reduzir gradualmente as cicatrizes mentais.

Todavia, aquelas lembranças deprimentes voltaram para assombrá-lo implacavelmente. Repetidas vezes, elas passaram pela sua mente e, como um pesadelo recorrente, penetraram em seus pensamentos, dominando-o e retomando o lugar que há muito havia perdido em sua memória.

Suado e trêmulo, Fridolin acordou em um lugar desconhecido. Com as mãos presas a correntes pesadas que estavam fixadas nas paredes, de joelhos e incapaz de mover o próprio corpo. Confuso e desorientado, ele tentou clarear a cabeça. A última coisa da qual se lembrava era da sua luta contra aqueles demônios.


[Artigo Oficial] Desejo 02_fridolininchains


Quando eles fugiram para o abismo, Fridolin pulou junto com eles, cravou uma faca na pele de um dos demônios e subiu em suas costas, enquanto caíam em um desfiladeiro sem fim. No entanto, ele não conseguia se recordar de mais nada do que havia acontecido depois disso e nem de como tinha chegado até ali.

Ele tentou erguer a sua cabeça. Sua visão ainda estava turva e ele só conseguia reconhecer contornos indistintos e movimentos nebulosos.

Poderosas paredes cercavam um imenso saguão com teto elevado. Sob a luz oscilante de algumas tochas, ele conseguia ver olhos que o fitavam avidamente e presas sedentas por sangue. Sombras volumosas se deslocavam de um lugar para o outro, elevando-se, expelindo fumaça e chamas e emitindo altas gargalhadas que lhe penetravam o coração.

“Bem-vindo, jovem! Devo dizer que estou impressionado. Poucos conseguiram chegar a este reino”, uma voz ressoou pelo saguão.

“Quem… Quem está falando?”, Fridolin respondeu, um pouco rouco. Sua garganta estava seca como poeira e suas cordas vocais estavam ásperas como uma lixa.

“Não se preocupe comigo. Você descobrirá em breve. Até lá, sou eu quem fará as perguntas! Diga-me: o que é que você deseja?”

Fridolin tentou se libertar das algemas, mas cada um dos elos da corrente era maior que os seus punhos. Não havia como ele escapar.

“Eu… Eu não sei…”, ele respondeu. “Liberte-me e eu te mostrarei!”

Um raio ardente caiu sobre Fridolin, carregando as correntes e enviando altas doses de ondas de energia através do seu corpo.

“Resposta errada! Tente novamente!”

Fridolin sentiu seu coração disparar.

Silêncio.

Fridolin não disse uma palavra sequer e seu castigo não tardou a chegar.

Onda após onda, a energia percorria o seu corpo e lhe causava espasmos e contrações musculares, acometendo até mesmo os seus órgãos internos. Ele perdeu a consciência inúmeras vezes, mas era acordado pela descarga de energia subsequente, até que não pudesse mais suportar a dor.

“O chapéu, aqueles demônios pegaram o chapéu e eu o quero de volta”, disse ele com os dentes cerrados. Enquanto olhava envergonhado para o chão e sentia nojo de sua própria fraqueza, um par de botas pontudas feitas de pele de camurça vermelha escura adentraram o seu campo de visão. Usando suas últimas forças, Fridolin levantou a cabeça.

“É VOCÊ!”, Fridolin olhou com olhos arregalados para o homem parado à sua frente. Até então, apenas Tibicus havia lhe contado sobre a aparência do mestre do mal. Entretanto, no momento em que ele viu a barba branca e emaranhada e o bigode torcido, não lhe restava mais dúvidas de que o homem na sua frente era Ferumbras.

“Você sabe o que é interessante? Levou um certo tempo para colocar esta preciosidade de volta em minha cabeça”, Ferumbras começou a falar ao mesmo tempo em que batia na aba do seu chapéu. “Não há uma alma viva que não deseje colocar as mãos imundas em meu chapéu. Mesmo assim, posso sentir que você não veio aqui para roubá-lo.” Ferumbras usou os dedos para levantar o queixo de Fridolin. Olhando em seus olhos, ele lhe disse: “Vou perguntar novamente: qual é o seu verdadeiro desejo?”


[Artigo Oficial] Desejo 03_ferumbrasandfridolin


Fridolin ficou apavorado. Ele sentiu a energia fria e maléfica que corria dos dedos de Ferumbras e adentrava o seu corpo, arrastando-se por suas veias e se espalhando como um vírus pernicioso. Ele perdeu o controle sobre o próprio corpo e finalmente sobre a sua mente. Ferumbras estava assumindo o controle e procurou pela resposta em seu cérebro. No exato momento em que Ferumbras retirou os dedos de seu queixo, a sensação invasiva se foi.

“Entendo… Então você conheceu meus servos antes. Seus pais… É realmente trágico o que aconteceu com eles. Mas você deve saber que meus bichinhos podem se empolgar um pouco quando estão soltos. Por vezes isso acaba resultando em algumas tristes mortes, eu receio.”

“VOCÊ OS MATOU!”, Fridolim gritou.

“Pode-se dizer que fui responsável pela morte deles. De uma maneira ou de outra. No entanto, não adianta chorar pelo leite derramado. Por favor, diga-me, o que você deseja?”

Fridolim não encontrou palavras para dizer.

“Você não parece ser dos mais inteligentes…”, Ferumbras continuou a zombar, enquanto criava outra bola de luz azul em sua mão.

“Eu.. Eu.. Eu queria me esquecer de tudo. Virar a página do capítulo mais sombrio da minha vida para finalmente poder recomeçar”, Fridolin desabafou.

“Enfim estamos conversando!”, Ferumbras disse com um sorriso desdenhoso. “Mas deixe-me adivinhar… Seu grande plano era vir até aqui, acabar comigo, pegar o meu chapéu, retornar ao Tibia e viver feliz para sempre? Você acha que a vingança irá curar a sua alma fará com que você magicamente se esqueça do passado?”

“Agora ele me pegou”, pensou Fridolin. Ele não tinha tido muito tempo para pensar nas consequências quando decidiu pular no abismo. Mas ouvir o seu plano ser simplificado e reduzido a essas poucas palavras foi embaraçoso.

“A boa notícia é…”, Ferumbras prosseguiu, “O seu maior desejo não é nem me matar e nem se esquecer do seu passado.”

“O que você quer dizer?”, Fridolin estava confuso.

“Eu pude ver o seu maior desejo, Fridolin. Você não está atrás de vingança, nem de riquezas e nem de paz. Você deseja amor! O tipo de amor que somente os seus pais podem te oferecer! E quer saber? Com a sua ajuda, posso fazer isso acontecer.”
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